sexta-feira, 23 de outubro de 2009

"Quando matam um Sem Terra"

 O cantador (como ele gosta de se denominar) Pedro Munhoz, artista comprometido com as lutas dos explorados e oprimidos, tem sofrido represálias da Brigada Militar gaúcha, sob o comando dos esbirros fascistas da governadora gaúcha Yeda Crusius após ter composto e declamado publicamente, em várias apresentações, um poema em homenagem ao sem-terra assassinado, Elton Brum.


"Quando matam um Sem Terra"
1.
Quem contar traz à memória,
sabendo que a dor existe,
quando a morte ainda insiste,
em calar quem faz a História.
Pois quem morre não tem glória,
nem tampouco desespera,
é um valente na guerra,
tomba, em nome da vida.
Da intenção ninguém duvida,
quando matam um Sem Terra.
2.
Foi assim nesta jornada,
quando mataram mais um,
o companheiro ELTON BRUM,
não teve tempo pra nada.
Numa arma disparada,
o Estado é quem enterra
e uma vida se encerra,
em nome da covardia.
Toda a nossa rebeldia
quando matam um Sem Terra.
 3.
É o desatino fardado,
armado até os dentes,
até esquecem que são gente,
quando estão do outro lado.
E vestidos de soldado,
todo o sonho dilacera,
violência prolifera
tiro certeiro, fatal.
Beiram o irracional,
quando matam um Sem Terra.
 4.
Quem és tu, torturador,
que tanta dor desatas,
desanima e maltrata
o humilde plantador?
Negas a classe, traidor,
do povo tudo se gera,
te esqueces deveras,
debaixo de um capacete.
Dá a ordem o Gabinete,
quando matam um Sem Terra.
 5.
Em algum lugar da pampa,
ELTON deve de estar,
tranquilo no caminhar,
jeito humilde na estampa.
E algum céu se descampa,
coragem se retempera,
outras batalhas se espera,
dois projetos em disputa.
Não se desiste da luta,
quando matam um Sem Terra.

Pedro Munhoz
Barra do Ribeiro/RS
27.08.09

Um comentário:

Anônimo disse...

É triste que em pleno século XXI tenhamos ainda censura a manivestações artisticas.